Adaptado do Comentário sobre 1 & 2 Thessalonicenses
por Vincent Cheung
Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias. (1 Tessalonicenses 5:19-20, NVI)
Os versículos 19-22 discutem a política apostólica para com a profecia. Paulo escreve, “não tratem com desprezo as profecias”, mas ele diz aos cristãos para por “à prova todas as coisas”.
Cessacionismo é a falsa doutrina que as manifestações de concessões miraculosas tais como aquelas listadas em 1 Coríntios 12 cessaram desde os dias dos apóstolos e a finalização da Bíblia. Embora não exista nenhuma evidência bíblica para essa posição, um motivo principal para essa invenção é assegurar a suficiência da Escritura e a finalidade (completação) da Escritura. Contudo, tem sido mostrado que a continuação das manifestações miraculosas de fato não contradiz essas duas doutrinas, nem as coloca em risco.[1] Dessa forma, o cessacionismo é tanto antibíblico como desnecessário.
Mais que isso: o cessacionismo é também perverso e perigoso. Isso porque se o cessacionismo é falso, então aqueles que advogam essa doutrina estão pregando rebelião contra o Senhor.
A Bíblia ordena aos cristãos: “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profecia” (1 Coríntios 14.1). Se o cessacionismo é correto, mas não sabemos isso, então ainda poderíamos obedecer com segurança essa instrução, embora não receberíamos o que desejamos. Isto é, se a profecia cessou, mas penso que ela ainda continua, então eu ainda poderia desejar o dom de profecia de acordo com este mandamento, mas não receberei o dom de profecia. Nenhum dano é feito.[2]
Por outro lado, visto que o cessacionista ensina que a profecia cessou, então embora a Bíblia diga “busquem os dons espirituais”, ele não desejará os dons espirituais, visto que os dons espirituais não estão mais em operação, e aqueles dons que as pessoas pensam ter são necessariamente falsos. Isso também se aplica à profecia em particular. Assim, embora Paulo diga, “não tratem com desprezo as profecias”, o cessacionista deve tratar todas as profecias com desprezo, visto que ele crê que a profecia cessou, de forma que todas as profecias hoje são falsas. Sua visão para com a profecia deve ser “rejeitar todas as coisas”, em vezes de por “à prova todas as coisas”. Mas novamente, se o cessacionismo é falso, então essa pessoa estaria pregando rebelião contra os mandamentos bíblicos de desejar e provar as manifestações espirituais.
Visto que os mandamentos “busquem os dons espirituais”, “não tratem com desprezo as profecias”, e “ponham à prova todas as coisas” são revelados por autoridade divina e infalível, o cessacionista deve apresentar um argumento infalível para torná-los inaplicáveis hoje. Se não pode fornecer isso, mas ainda advoga o cessacionismo em face desses mandamentos bíblicos explícitos, então não é óbvio que ele tem condenado a si mesmo diante de Deus, mesmo que esta pessoa esteja correta que os dons cessaram? Nenhum cristão deveria ousar seguir tal pessoa ou crer em sua doutrina. Se uma pessoa prega o cessacionismo, mas não pode prová-lo - se não pode fornecer um argumento infalível para ele (visto que o mandamento para buscar as manifestações espirituais é claro e infalível), então isso significa que ele conscientemente prega rebelião contra alguns dos mandamentos claros da Bíblia. Por que, então, ele não deveria ser removido do ministério, ou mesmo excomungado da igreja?
Visto que os argumentos para o cessacionismo são forçosos e frágeis, e visto que a doutrina apresenta um perigo tão grande, é melhor acreditar na Bíblia como ela está escrita, e obedecer aos seus mandamentos como estes estão declarados - isto é, “busquem os dons espirituais” e “ponham à prova todas as coisas”. Essa posição é fiel às declarações diretas da Escritura, mas requer resistência corajosa aos argumentos falaciosos, intimidações acadêmicas e tradições eclesiásticas.
Inerente nesta abordagem bíblica está a proteção contra os fanáticos neo-pentecostais e os milagres falsos. A Bíblia nos instrui a por “à prova todas as coisas”, e visto que isso é suficiente, ela é capaz de expor os milagres falsificados e as profecias falsas. A resposta não é afirmar que os dons cessaram, mas seguir as instruções que a Bíblia já deu sobre o assunto. Essa posição, que deveríamos seguir o que a Escritura diz, nos ofereceria proteção perfeita, mesmo que o cessacionismo fosse correto. Se a profecia de fato cessou, então qualquer profecia hoje é falsa. Visto que a Bíblia é uma revelação suficiente, a informação nela nos capacitará a por “à prova todas as coisas”, de forma que qualquer suposta profecia hoje ou será testada, e encontrando-se falsa, será condenada, ou se o conteúdo é tal que a torna intestável, será ignorada.
O cessacionismo nos ensina a abandonar alguns mandamentos divinos sem garantia divina, e dessa forma prega rebelião, mas a posição que deveríamos obedecer tanto “busquem os dons espirituais” como “ponham à prova todas as coisas” prega obediência ao Senhor, e é ao mesmo tempo capaz de se proteger contra todo engano. Não existe nenhum perigo em desejar dons espirituais, conquanto também testemos todas as coisas - se todas as manifestações espirituais são falsas, então exporemos todas elas como falsas quando as testarmos, e assim consideraremos todas elas como falsas. Uma pessoa que faz isso não está em perigo de incorrer em julgamento.
[1] Veja Don Codling, Sola Scriptura and the Revelatory Gifts (Sentinel Press, 2005).
[2] Se a profecia cessou, mas penso que continua, eu desejarei a mesma e falharei em receber, e então é possível que eu pense que a tenha recebido (e isso é possível porque eu falsamente penso que ela continua) e passe a profetizar. Isso seria uma falsa profecia. Há de fato dano nisso, mas o problema não está em pensar que a profecia continua, mas em pensar que eu tenho o dom quando não o tenho. Assim, essa é uma questão relacionada, mas separada, e é abordada pela instrução de Paulo, isto é, testando-se a suposta profecia, e não imposto a doutrina antibíblica do cessacionismo.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto (Março/2009)
Fonte: http://www.vincentcheung.com/2009/03/09/cessationism-and-rebellion/