Capítulo 7

7. Certeza de Salvação

Uma vez, conversando com uma senhora muito simples, e muito simpática, pela pergunta que me fez, eu afirmei a ela da minha certeza de salvação. Eu disse que tinha absoluta convicção que quando eu morresse iria morar eternamente no céu. Imediatamente ela colocou as mãos na cintura, me olhou de cima a baixo, e com voz de zombaria, me disse: O que? É muita pretensão de sua parte, você come carne e feijão igual a mim, e diz que tem certeza de que vai para o céu? Isto só Deus sabe.

Neste capítulo vamos nos prender ao ensino bíblico, capaz de nos deixar tranqüilos quanto a esta certeza. Atente-se para o que vamos ver a partir de agora. Por outro lado, saiba que para chegar aqui temos que trilhar tudo que já vimos: renúncia à multidão, atravessar a porta estreita do arrependimento, receber a fé salvadora e o Espírito Santo ajudador. Tudo começa com a renúncia, sem ela não há salvação, não há esta certeza que veremos aqui.

Vejo pessoas que têm praticado “pensamento positivo” para ter esta certeza, é em vão, diríamos, sem problemas, que este exercício pode até colocar esta certeza no subconsciente, mas não a coloca no âmago da alma, e aí tudo vai por água a baixo, principalmente na hora certa. É como falsificarmos o passaporte espiritual, confiar que está perfeito, mas quando chegar na encruzilhada da morte, a luta interior lhe leva pelo caminho errado – nadou, nadou e morreu na praia.

O que Isto Significa

Certeza de salvação é o que de mais precioso nós temos para desfrutar. É a confiança descansada que nos eleva a dormir nas nuvens. É o que nos dá tranqüilidade para enfrentar todas as situações. É a intimidade que nos faz olhar a face de Deus, não como de igual para igual, mas como para aquele nosso dono de escravo, que se nos faz íntimos, amigos demais, preciosos, aquele que a qualquer grito de pavor de nossa parte, virá sem demorar em nosso socorro. Certeza de salvação é o que nos faz crer que somos especiais, diferentes, filhos, protegidos, essenciais, dignos, metidos a donos da moradas do senhor, herdeiros, irmãos de Jesus, superiores ao inferno, ao diabo e a todos os seus anjos. Certeza de salvação é o que nos faz crer em milagres, já que olhando para tudo que somos ainda podemos nos ver cidadãos dos céus.

Uma criatura sem esta certeza verdadeira é uma doença, é um engano, é a própria farsa disfarçada. Uma pessoa nesta circunstância, é o mal, é toda ausência de Deus, é toda negação do céu. Isto se agrava muitas vezes mais, quando esta pessoa é religiosa. Muito mais agravante é quando ela se diz cristã.

Podemos identificar alguns tipos de certeza de salvação.

A Certeza Que Todo Mundo Tem. Esta é certeza da grande maioria das pessoas. Acreditam que haverá salvação, e muitos irão morar no céu, mas dizem que só Deus pode dizer quem são estes felizardos. Naturalmente acreditam em merecimentos pessoais para tanto. Acham que a vida cristã é uma aventura, só se vai saber se valeu a pena, quando do encontro com Cristo. Claro que esta é uma falsa certeza, pois isto não é certeza, Dizem, e com muita razão, que é pretensão demais, afirmar que é um dos felizardos a irem morar eternamente com Deus Eles têm muita razão: Se não tem a fé salvadora, não poderiam ter a certeza verdadeira.

A Certeza das Obras para Merecer a Salvação. Este segundo tipo tem mais a ver com religiosos. Acreditam no céu, e também acreditam que não podem afirmar já estarem prontos para o céu, mas que se continuarem firmes naquilo que estão fazendo, se não caírem num pecado grosseiro, que se mantiverem dando bom testemunho, aí sim, chegarão por fim, ao céu. É bem semelhante ao espiritismo, que acredita que a vida que levamos neste mundo, ao final, nos levará a uma reencarnação em estágio mais avançado, mais agradável, ou um estágio de sofrimento, como que para purgar nossos defeitos vividos anteriormente.

Mateus 24:13 “Mas quem perseverar até o fim, será salvo.” Eles usam este versículo para defenderem seu ponto de vista. Ninguém está salvo, mas será salvo quem se mantiver perseverante na fé, na vida cristã agradável a Deus. Só que desse jeito ninguém seria salvo. Pois ninguém, por si só, perseveraria interiormente e exteriormente nesta fidelidade. Mesmo por que este versículo faz parte do contexto onde apresenta o aparecimento dos falsos profetas que enganariam a muitos , e o texto fala que por causa deles, haverá “apostasia”, o esfriamento do joio pelas coisas de Deus, v12, e por fim afirma que aqueles que não fossem do “livro da vida” naturalmente não conseguiriam persevera até o fim.

A certeza das Obras para Manter a Salvação. Este terceiro tipo é daqueles mais religiosos ainda. Estes confiam na sua religiosidade para se manterem salvos. Acreditam que estão salvos porque não praticam grandes pecados como adultério, roubo, homicídio, além de se manterem bons religiosos. Segundo os preceitos de suas igreja; ou porque estão sempre atentos a pedirem perdão a Deus pelas iniqüidades que cometem, além de se manterem envolvidos obedientemente às regras estabelecidas pelas suas igrejas, como salvíficas. É mais um tipo falso de certeza, que muita gente se entrega.

Esta situação tem muito a ver com aquilo que tanto o Apóstolo Paulo mencionou para com os judeus crentes, ou pelos menos aqueles que diziam salvos. Estavam acreditando que eram salvos, mas que era necessário o legalismo, a obediência de regras estabelecidas pela boa intenção das igrejas, para se manterem salvos. Eles acreditam muito na palavra de Tiago 2:21-24 “Não foi pelas obras que Abraão foi justificado? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E se cumpriu a Escritura que diz: E creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé.” Este texto demonstra um grande equívoco deste escritor bíblico, bem como no momento que ele escreveu também sobre a verdadeira religião para Deus – 1:27; a condenação dos ricos – 2:5, para se ter algo, basta pedir – 4:2, chamar presbítero e seu óleo, para orar e ungir os doentes – 5:14; crente desviado precisa se converter de novo – 5:19; multidão de pecados é perdoada por levar alguém à conversão – 5:20. Além disto, ele mesmo menciona Gênesis 15:6, onde Abraão creu e só isto lhe foi suficiente para ser justificado, o que Paulo bem interpretou em Romanos 4:2-3.

Um evangelista-parasita esteve aqui em Teixeira de Freitas, na Bahia, numa grande igreja de gente que crer em perda de salvação, e disse ter tido uma visão do céu e do inferno. Nesta visão ele foi ao inferno e viu pessoalmente muitos que eram cristãos, mas deram mau testemunho, praticaram pecados sem se arrependerem, e junto com estes estavam muitas mulheres crentes que cortavam o cabelo, e por isto tinham ido para aquele lugar. Disse, também, que foi ao céu, e entre as muitas maravilhas que viu por lá, mencionou duas que eu não consigo esquecer: uma grande bacia de ouro, cheia de fios de cabelos longos que o anjo lhe disse o seguinte: são fios de cabelos das santas mulheres, caídos por um motivo ou outro, e que os anjos trazem para colocar nesta bacia; e na sala do trono um enorme livro da vida, acompanhando permanentemente por uma caneta e uma borracha. Ele chegou a ver nomes sendo apagados, e outros sendo recolocados no livro. É claro que esta visão é mentira, mesmo que ele acredite nela. A Bíblia diz que não se pode transitar entre o céu e o inferno, muito menos nos informa sobre esta bacia e o “cortar” cabelo em vez de “rapar”, ou sobre se perder salvação por causa disto – 1Coríntios 11:1-16. Crer em Deus como Onisciente, impede de se crer num grande livro onde nomes são apagados e reescritos... Tudo isto é uma aberração desta idéia, deste manter salvação pelos merecimentos.

Certeza de Nenhum Merecimento para Ter a Salvação. Há um quarto tipo de certeza. Nesta certeza estão todos aqueles que passaram pela “porta estreita” do arrependimento. Como já vimos, o fato de viverem o processo da santificação, faz com que acreditem cada vez menos em seus próprios merecimentos para esta salvação. Quanto mais crescem, menos se sentem dignos de chegarem ao céu. Só acreditam que estão salvos, porque isto é uma operação desta fé salvadora. São levados a crer nisto. É como estar diante de algo vermelho, e ser feito daltônico, não consegue ver o vermelho, vê tudo azul. Por mais que a lógica, que os argumentos, que tudo lhe pareça prova que é vermelho, ele só consegue raciocinar como sendo azul. Duas coisas são muito claras para estas pessoas que têm esta certeza: (1)definitivamente são maus, profundamente merecedores da pior parte do inferno; (2)vão habitar eternamente o céu, morar com Deus para todo sempre.

Essência da Fé – Hebreus 11:1

“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.” Há três situações a serem consideradas neste momento: (1)o que é “fé”; (2)é certeza do porvir; (3)é certeza do presente.

O que é a “fé”? Já ouvi muitas respostas a isto. Uns dizem que é “um salto no escuro” confiado em algo ou alguém; outros dizem ser o “acreditar de forma confiante”, também, em algo ou alguém; outros afirmam ser, não o acreditar, ou o confiar, mas algo, que segundo eles, é maior que tudo isto, o “descansar”. Neste texto, a Bíblia diz que é tudo isto, só que direcionado especificamente para duas direções: o presente e o futuro. Assim, a essência da fé salvadora, não é crer em Deus — isso é conseqüência da fé — 11:6, mas ter plena convicção de ser herdeiro de uma vida eterna

Fé é certeza de vida eterna no porvir. Anteriormente, para mostrar a profundidade desta certeza, dissemos sobre três níveis a serem alimentados com esta confiança: o consciente, o subconsciente e o âmago da alma. A fé faz isto. Inexplicavelmente, para aquelas pessoas que não conhecem textos bíblicos que fundamentam esta certeza, a fé faz o salvo crer que sua morada já está reservada no céu. Apesar de saber de sua indignidade, crer descansadamente que irá habitar o céu eterno. “Estou certo que nada e ninguém me separa desta salvação”, já afirma o Apóstolo Paulo em Romanos 8:38-39.

Fé é certeza de vida eterna no presente. O texto bíblico revela que a essência da fé é crer na vida eterna no presente. Não é algo a ser desfrutado só no futuro. Já se vive. O salvo, mesmo aquele que não conhece o fundamento bíblico para isto, tem facilidade em crer nesta verdade. Sua vida, seu comportamento, suas atitudes estão alicerçadas nisto.

Romanos 8:24-25 “Na certeza do futuro fomos salvos. Ora, a certeza do futuro que se vê não é certeza do futuro; pois o que alguém vê, como tem certeza do futuro? Mas, se temos certeza do porvir que não vemos, com paciência o aguardamos.” 2Coríntios 4: 18 “Não atentamos nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.” Paulo confirma nestes textos bíblicos que a fé é plena confiança na vida eterna no porvir, e no presente.

Alguns Fundamentos Importantes

Já vimos que não se precisa conhecer a Bíblia, para ter estas certezas, mas ela nos dá mais conforto ainda, naquilo que já acontece dentro de nós. Ela confirma o que se tem feito dentro de nossa alma. Mencionaremos aqui alguns dos fundamentos mais importantes para isto que já nos encaminha a descansar, sem motivos pessoais, numa eternidade com Deus.

Os Textos Bíblicos. Muitos textos poderiam ser mencionados aqui, os quais de maneira direta ou indireta iriam afirmar o mesmo recado de Deus: “Os eleitos não são dignos do céu, mas eles podem confiar em Jesus, só em Jesus, para a redenção perfeita de suas almas”. Citaremos alguns que consideramos básicos a este momento de nossa conversa:

(1)Efésios 2:8 “De graça e pela Graça, sois salvos, só por meio da fé, e esta fé não vem de vós, é dádiva de Deus (depois de vosso arrependimento);”

(2)Romanos 3: 24 “somos justificados gratuitamente pela sua graça (plano redentor de Deus para salvar o maior número possível de pessoas), pela redenção que há em Cristo Jesus,”

(3)2Timóteo 1:9 “Ele nos salvou, e nos chamou com uma santa chamada, não segundo os nossos merecimentos, mas segundo o seu próprio propósito pelo seu plano redentor, que nos foi dado em Cristo Jesus antes da fundação do mundo”

(4)Tito 3:5 “Não pelos nossos merecimentos, mas pela sua misericórdia, Deus nos salvou, nos lavando (no sangue de Jesus), e nos regenerando e nos fazendo novas criaturas pelo Espírito Santo,”

(5)Romanos 3:9-10,23,28 “já demonstramos que para Deus, todos estão debaixo do pecado; como está escrito no Antigo Testamento: Não há nenhum justo. Todos pecaram e foram destituídos da salvação eterna; assim, concluímos pois que o homem é justificado só pela fé sem os merecimentos exigidos pela lei de Deus.”

(6)João 6:37 “Toda pessoa do Pai (antes da fundação do mundo conheceu que entraria pela porta estreita e por isto elegeu), Ele mandará a mim; e toda pessoa que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora.”

(7)João 10:28 “Disse Jesus: Quando lhes dou a vida eterna, nunca mais sofrerão condenação; e assim, nada e ninguém arrebatará vocês da minha mão.”

(8)Romanos 8:38-39 “Estou muito confiante de que, nada na morte, nada na vida, nem anjos, nenhum poder político, nada no presente, nada no futuro, nenhuma hoste infernal, nada lá em cima, nada lá em baixo, nem nenhuma criatura existente, nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Estes e outros versículos nos levam a estas conclusões que se seguem...

A Salvacão é totalmente de Graça. Vendo Deus a situação da humanidade contaminada pelo pecado, e querendo salvar o maior número possível de pessoas, e ao mesmo tempo percebendo que o homem, por si mesmo, nunca conseguiria chegar ao mínimo necessário para merecer a salvação eterna, planejou um meio, um jeito, um plano chamado Graça, de abrir um caminho sobrenatural daqueles perdidos, à eternidade com Ele. Este plano não exige nada do pecador, a não ser um mínimo desejo de arrependimento, de sair da multidão perdida. Por isto a Bíblia diz que a salvação é totalmente de graça — versículos 1-3

A Salvação é só pela fé dada por Deus. Neste plano divino, para facilitar a ida do maior número possível de pessoas à eternidade celeste, inclui a seguinte providência de Deus: Todos aqueles que atravessarem a porta estreita do arrependimento, automaticamente receberá, tanto, o Espírito Santo em seu interior, o qual é a marca da propriedade de Deus, e ao mesmo tempo a garantia de nossa salvação; bem como receberá, também, a semente de Deus, a fé salvadora, que tantas mudanças acarretará em nossa alma — versículo 1

A salvação não é pelos merecimentos. Isto por dois motivos: (1 )o plano redentor de Deus não exige isto de nossa parte; (2)nunca conseguiríamos chegar a um mínimo confiável à presença da santidade de Deus — versículos 3-5

Jesus nos dá garantia disto. Como perfeito salvador, Ele informa que não temos do que nos preocupar, depois de estarmos protegidos pela sua salvação. Não há mais jeito que se possa fazer, para que deixemos de ir ao céu eterno — versículos 6-7

A Bíblia dá garantia disto. Outra garantia que temos para o fato de que nada nos tira mais desta salvação alcançada em Cristo, pela fé que Deus nos deu, é a própria Palavra do Senhor. De maneira bem clara, ela afirma que nada e ninguém nos pode mais tirar desta eternidade celeste — versículo 8

Alguns Fundamentos Essenciais

1João 2:1-2 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para incentivá-los a fugir de todo pecado; mas, lembrem-se que se um eleito pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a substituição de nossos pecados, na cruz, não somente dos nossos, mas também de todos que queiram.” Este texto é notável. Aqui temos o que consideramos os fundamentos essenciais para se ter certeza de salvação, apesar de sermos o que somos.

Jesus é Nosso Advogado. O primeiro fundamento essencial é este. É básico. Nos preceitos jurídicos de Deus, Ele é o único capaz de nos representar dignamente. Só Ele pode manusear com autoridade toda legislação da Santidade e Justiça do Senhor Deus. Nesse podemos descansar. É o tipo de Advogado que naturalmente dá segurança, naturalmente inspira segurança. Em qualquer circunstância, podemos afirmar que Ele, só Ele, suficientemente, Ele é quem nos deixa bem confessados diante do Juiz. Mesmo que tudo pareça nos condenar, mesmo que tudo pareça nos colocar totalmente indignos de chegar ao céu, não temos do que nos preocupar, do que desconfiar, nem mesmo discutir, apenas, nos basta, crer, descansar e dizer que Ele é nosso Advogado.

De quem Ele é Advogado? Somente daqueles que deixaram a multidão, daqueles que atravessaram a porta do arrependimento, daqueles que receberam a fé divina e o Espírito Santo. Só estes estão bem representados pelo Filho do Juiz, que é o próprio Juiz. A Bíblia informa, e já vimos isto, que o número de seus clientes, é muito pequeno, pequeníssimo.

Jesus é Nosso Perdoador. Como Advogado, e como sendo o próprio Senhor, Ele não pode mentir, não pode ser injusto, não pode ser desonesto. Para nos defender, não pode nos chamar de inocentes, de pessoas sem crime. Nunca poderá dizer que não somos pecadores, que não cometemos pecados. Para resolver isto, Ele mesmo assumiu nossas dívidas. Na cruz, naquele momento em que Deus o “desamparou” (Mateus 27:46), estava recebendo sobre si todos os nossos pecados, e como Deus não pode estar onde há pecados, ausentou-se. Assim, pagando e apagando tais pecados, podia exercer seu ofício Advocatício em nosso favor, dizendo basicamente isto: “Estes são meus clientes, eles são pecadores sem pecados, sem nenhum pecado, por isto podem herdar a eternidade no céu”.

Ele Está à Disposição De Todos. O versículo 2, do texto que estamos analisando, trás uma afirmativa interessante: “Ele é a substituição de nossos pecados, e na cruz, não somente dos nossos, mas também de todos que queiram.” A versão tradicional diz: “não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” Será que Ele morreu na cruz, perdoando e apagando os pecados de todas as pessoas? Não. Este texto está afirmando que Jesus recebeu o diploma divino de Advogado espiritual, quando a Graça, o plano redentor, foi feito. Mas o texto também afirma que para exercer aquilo que o diploma lhe outorga, bem como todo Advogado, Jesus precisava de dois instrumentos importantíssimos: O credenciamento e a procuração de cada um de seus clientes.

Na cruz Ele recebeu a credencial para ser Advogado. A partir de então, poderia representar qualquer pessoa no mundo inteiro. A credencial dava este direito. Naquele momento, quando “desamparado” por Deus, Jesus assumia a condição de defender qualquer indivíduo que se apresentasse carente de seus cuidados jurídicos. O maior pecador ou menor, o mais detestável ou o mais simpático, todos poderiam ser beneficiados com os serviços espirituais dEle, no viver cotidiano e principalmente na condenação maior, a do inferno. Para conseguir minha inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, depois de formado, me submeti a um exame, e a cruz foi o grande exame de Jesus Cristo.

Só com a credencial em mãos o Advogado pode até abrir um escritório, se colocar à disposição, mas não pode defender ninguém. O segundo instrumento fundamental é a procuração individual de cada cliente, apresentando-lhe, espontaneamente, como seu “bastante procurador”. Ela pode ser por escrito ou verbal. Essencial é que ela exista. É uma declaração de fé. Jesus Cristo só pode exercer sua função, para a qual está devidamente preparado e ansioso para assim fazer, depois da procuração de cada indivíduo que, perante o Pai, precisa defender-se de toda condenação eterna.

Em Mateus 10:32-33, Jesus declarou: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.”. Quem confessá-lo diante dos homens, quem der esta procuração pública de fé, com certeza o terá como seu Advogado pessoal. No entanto, quem se mantiver indiferente a isto, não poderá contar com seus serviços espirituais na presença de Deus. No restante do texto bíblico, lembra que esta procuração individual poderá trazer algumas dificuldades, inclusive, dentro da própria família. Então diz: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.” Ou seja, quem se nega a me dar procuração, para atender as exigências do pai, da mãe, de outro parente ou amigo, ou mesmo de alguma circunstância, com certeza perderá o privilégio de ser defendido, diante do Juiz eterno, ante a situação que lhe acusa e condena.

Nestes termos jurídicos é que Jesus menciona qual é a condenação que paira sobre toda humanidade, da qual ele agirá como maravilhoso Advogado: “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse defendido por ele, Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê, já está condenado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz.” — João 3:17- 19. Veja só... (1) Jesus não veio para ser juiz, mas para ser Advogado para todo mundo que queira; (2) Ele veio para nos defender da acusação de que amamos mais as trevas do que a salvação que Deus mandou através dEle; (3) rejeita-lo como Advogado espiritual e eterno, é clara demonstração que, podemos até amar muito a Ele e a tudo que fez por nós, estamos amando muito mais ainda aquelas coisas que nos impedem de renunciar a vida que levamos para nos achegarmos, de verdade, a Ele.

Uma professora na faculdade de Direito, logo no início de meu curso, deu um exemplo que nunca mais esqueci. Ela disse que estava indo pela rua, quando viu um carro parar bruscamente no trânsito, o que levou o carro de trás, bater com violência. O motorista prejudicado saiu muito irritado e foi tomar satisfação do motorista culpado. O primeiro gritava, e o segundo, calado, ouvia e reconhecia o erro que cometera. Mais irritado, a vítima tomou o colarinho do outro e passou a ameaçá-lo com punhos fechados. Ela disse que se chateou com aquilo, e se aproximou. Sabia que não poderia entrar na questão, não tinha nenhuma procuração para isto. Então fez a volta, chegou ao ouvido do motorista assustado e disse: “diga a ele que eu sou sua Advogada”. O que ele fez imediatamente, até mesmo como única solução para a agressão que estava sofrendo. Ela disse que só precisava daquilo. Foi ao encontro do motorista violento, empinou o corpo e disse: “Agora o problema é comigo, eu sou a Advogada dele”. Isso tem tudo a ver com o papel de Jesus para conosco.

“Advogado de porta de Cadeia”. Este termo implica num profissional barato, que não se dá valor, que vai a busca de serviço. Este é aquele Advogado que, por não ser reconhecido, sai em busca de trabalho, e para isto se expõe ao ponto de ir a busca de clientes presos, que malmente poderão pagar. Pois bem, o nosso Senhor Jesus é “Advogado de porta de Cadeia”, e é exatamente o contrário deste conceito. É o melhor Advogado, o único suficiente para nossa situação, mas seu anseio em alcançar o maior número possível de clientes, o leva a portas de cadeia, a submeter-se a todo e qualquer tipo de cliente. O seu preço é o mais barato possível, embora tenha pagado um enorme preço, não só para ser Advogado, para credenciar-se, e para conseguir as tão necessárias procurações. Ele é aquele grande profissional que passa o tempo todo ao nosso lado, ouvindo todo tipo de rejeição, de troca, de humilhação, só para um dia ouvir nosso interesse público de aceita-lo como nosso representante diante do Pai.

“Não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” Isto se explica, muito bem, também, da seguinte forma. Digamos que hoje, nos nossos dias, 5 milhões de pessoas estejam infectadas com o’ vírus da AIDS. Digamos também que hoje se descubra a vacina contra este vírus. Devem ser produzidas muito mais que 5 milhões de doses. A princípio, todo o universo de contagiados fora alcançado. Então a vacina é distribuída a todas as farmácias do mundo, esta atitude, por si só, salvaria todos os aidéticos? Se eles souberem disto tudo, se acreditarem nisto, serão curados? Se forem às farmácias, virem as ampolas, admirarem, crerem que elas poderão salva-los, isto os livrará do problema? Com certeza, “não”. Cada um, independente do que outros fizeram, deve tomar a vacina. Desta forma, mesmo que se tenha dose para todos os enfermos, só se salvará aqueles que tomarem a vacina. Desta mesma forma Jesus se fez pecado (tomou-se homem, e assumiu todos nossos pecados — Filipenses 2:7, Mateus 8:17), tornou-se vacina contra o próprio pecado, contra este vírus contagioso — 2Coríntios 5: 21 “Jesus que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós (com nossos pecados); para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (curados do pecado).” Esta vacina de Deus foi produzida em tamanho universal, “não somente para nós, mas para todo o mundo”, só que esta vacina só tem efeito para aqueles que deixam a multidão enganada, e voltan-se para entrar pela porta estreita do arrependimento.

O Preço da Passagem

Sobre esta questão de certeza de salvação, há uma ilustração que entendo ser muito completa para a realidade deste falto bíblico. Tenho mencionado na grande maioria das vezes que falo sobre este tema. Se tenho a responsabilidade, com Deus de querer deixar este assunto bem externado, então me lanço, sempre, a usar este instrumento. Permita-me contar mais uma vez.

Fui Pastor numa cidade querida, Iguaí, na Bahia, e estando em Itabuna, para chegar lá, muitas vezes fui de ônibus. E num dos dias que estava fazendo este percurso, presenciei um caso interessante que ilustra o que acontece conosco, nossas necessidades espirituais, e Jesus Cristo.

Na viagem, o ônibus entrou, como sempre faz, numa cidade chamada Santa Cruz da Vitória, e lá desceram alguns passageiros, e subiram outros. Depois de algum tempo, o ônibus continuou sua viagem. O cobrador passou por todos aqueles que subiram e chegou numa senhora. Ele perguntou para onde ela ia, e prontamente a passageira lhe disse “Vitória da Conquista”. Sem hesitar, ele anotou a passagem e destacou, entregando-lhe. Ela olhou, olhou, e avisou que não tinha aqueles dez mil Cruzeiros cobrados na passagem, mas tinha quatro mil. Iniciou-se ali um momento difícil. Ele irredutível, dizendo que não poderia deixá-la viajar, pois o fiscal tiraria dele até o emprego; ela chorosa pedindo alguma solução. Depois de algumas insistências de ambos os lados, o cobrador gritou ao motorista: “pára que ela vai descer”, isto em plena estrada. Quando o motorista iniciou a parar o veículo, vendo que não havia outra solução, alguém, lá atrás, no ônibus, gritou ao cobrador: “deixa que eu pago a passagem dela”. Assim o cobrador orientou o motorista a prosseguir na viagem. E cheguei a lguaí, e ela continuou.

Financeiramente ela não merecia viajar, não merecia chegar a Vitória da Conquista. A passagem custava dez mil cruzeiros, ela só poderia pagar quatro mil cruzeiros. Mas ela chegou lá, como? Ela merecia?, ela tinha como pagar? Então, como chegou até lá? Viajou como qualquer passageiro, com os mesmos direitos. Fiscal nenhum poderia reagir contrário a sua viagem, por que? Ela não dependia dela, tudo dependeu daquele outro que pagou sua passagem.

Estamos na situação daquela mulher, O cobrador nos avisa que não merecemos viajar para o céu. Podemos chorar, gritar, lamentar, implorar, e nada vai adiantar. Nossos esforços são todos em vão, todos mínimos demais para o mínimo necessário a esta viagem eterna. É perda de tempo, confiar que alguma destas coisas vão nos dar esta condição necessária para a viagem que propomos para nosso porvir. Só tem um jeito, apelarmos para aquele que pode pagar nossa viagem.

1João 2:2 — “Não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”, “não somente para nós, mas para o mundo inteiro”. Este texto está lembrando que Ele tem como pagar a passagem de todo mundo, sem exceção, mas é preciso que confiemos nisto, aceitemos isto, como aquela mulher aceitou. Se ela, orgulhosa, negligente, tivesse rejeitado a ajuda daquele passageiro, teria ficado na estrada, não teria chegado ao destino.

Na Porta do Céu

Outra ilustração que tenho pregado na igreja, e que sinto estar fazendo efeito para melhor compreensão da verdade bíblica sobre certeza de salvação, também tem me divertido muito. Tudo acontece na porta do céu, quando estamos para querer entrar ali. Mas faço questão de dizer a todos que não é relato bíblico, é pura imaginação.

Há um anjo que guarda um grande portão. Ao batermos ele abre, e uma pergunta fatal nos faz: “porque você acha que vai entrar aqui?”. Se a resposta for favorável, bem; se não for, a pessoa não entra.

Tenho dito, até em tom divertido, que a pessoa fica em cima de um alçapão. Se ela disser que acha que vai entrar, porque esteve sendo uma boa religiosa, porque leu a Bíblia muitas vezes, porque orou muito, deu ótimo testemunho, enfim, porque esteve fazendo muita coisa boa para Deus, aí a coisa acontece, o alçapão abre, e esta pessoa vai descer por um tubo até o “quinto dos infernos”. E ainda digo que não mencione meu nome nesta circunstância, dizendo que acha que entraria no céu por ser Batista e por ser minha ovelha, pois além de sujar minha ficha no céu, ainda vai piorar sua própria situação, vai cair no “décimo inferno”.

Digo a todos, que a melhor resposta, logo, antes do alçapão abrir, é a seguinte, com todo coração e com toda verdade da consciência: “sei que não mereço, mas vou entrar no céu, porque Jesus é meu Advogado, e Ele me fez pecador sem pecados”. Não precisa mais do que isto. Nesta resposta você demonstrará sua confiança unicamente em Jesus Cristo, e não nos seus merecimentos. Com esta resposta, muitas trancas, automaticamente, cravarão o alçapão, ele não abrirá mais para você, sob hipótese nenhuma.

Neste momento, continuo a ilustração, o diabo, nosso acusador, se aproximará cheio de papel na mão. Ele dirá: “Como é? Você acha que vai entrar aí? Acha que merece entrar no céu?”, e apontando para os papeis em suas mãos e muitos outros encostados do lado da grande porta, dirá: “Estes papeis são anotações de todos os seus pecados, tudo que você fez, pensou e planejou de pecaminoso contra Deus”. Então digo para todos que me ouvem: Não se preocupem, apenas diga o que você disse para o anjo: “Jesus é meu Advogado, Ele me fez um pecador sem pecados”. Com esta resposta você estará dizendo o seguinte, ao diabo: “você está falando com a pessoa errada, Jesus é o meu Advogado, converse com Ele. A única coisa que posso lhe adiantar é que apesar de tudo isto que fiz, eu sou alguém sem pecados, Ele fez isto por mim lá na cruz. Pegue suas anotações e vá catar lata”. Com certeza ele irá.

Neste momento o anjo porteiro, lhe dirá: “Por favor, aguarde, vou procurar seu nome aqui no Livro da Vida”. Pode aguardar tranqüilo. Se ele não encontrar, continue sereno, apenas peça a ele que procure mais uma vez, pois com certeza o seu Advogado não se esqueceu de colocar seu nome ali. Se o anjo procurar muitas vezes e não encontrar, peça a ele que chame o Senhor Jesus, e sem dúvida, Ele virá ao seu encontro. Ao lhe ver, não irá se preocupar como que aconteceu para seu nome não ter sido encontrado, apenas dirá: “Vinde, bendito de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”(Mateus 25:34).

Congregação no Inferno

Não precisa ir muito longe para encontrar pessoas que afirmam serem salvas, mas que lá dentro, no âmago da alma, não há esta certeza.. Na minha igreja, onde tenho pregado diuturnamente sobre esta verdade bíblica tão clara nas palavras de Jesus (João 10:28), dois casos me saltaram de susto, quando ouvi. Dois “crentes” velhos, certos de que iriam ao céu pelos seus merecimentos.

O primeiro foi uma senhora que estivera passando por problemas familiares, situações graves, mas superara tudo, ela estava muito bem, com tudo e todos. Então lhe perguntei: “Então a irmã já pode morrer tranqüila...” Ao que ela, imediatamente retrucou: “Eu não, Pastor! ainda não estou preparada para morrer; eu não quero ir para o inferno”.

O segundo foi o que me disseram. Um irmão foi consultado por alguém, da seguinte forma:”Se morresse agora, você iria para o céu?” Ele disse, com certa convicção: “sim, porque hoje eu ainda não pequei”.

Como estes, há outros Batistas crendo que sua salvação eterna depende de seus merecimentos. Estão perdidos. A Bíblia diz em Romanos 11:6: “se a salvação é pela graça, então não é pelos merecimentos; de outra maneira, a graça já não é graça”, e em Efésios 2:8: “A salvação é só pela Graça...”. Se permanecerem crendo nisto, estes queridos irão habitar eternamente no inferno, e como são ótimos religiosos, por certo irão compor uma grande congregação de batistas condenados.

Três marcas doutrinárias identificam igrejas bíblicas, e aí se incluem os Batistas, os Presbiterianos, os Luteranos, os Congregacionais e outros poucos espalhados pelo mundo,Chamados “tradicionais”: (1) a salvação é só pela fé, e por isto é imerecida e imperdível; (2) só, exclusivamente a Bíblia é a Palavra de Deus, e mais nada e mais ninguém como sonhos, visões, “revelações” como são praticadas por aí, outros livros e revistas, e pessoas que se dizem ungidas — Hebreus 1:1-2, João 5:39, Lucas 16:27-31; (3) nenhuma interpretação particular da Bíblia, onde somente aquele grupo entendeu diferente dos outros a ponto de ser doutrina específica e identificadora de igreja — 2Pedro 1:20, 3:16. Já conversamos sobre estas marcas em “Minhas Confianças”. Relembramos aqui, para deixar claro que esta congregação no inferno vai existir, não por culpa da doutrina que os Batistas pregam a tantos séculos, mas porque a teimosia que Deus vê no nosso caráter é real, e mais ainda na vida destes que tanto ouvem isto, e ainda assim continuam crendo que serão salvos pelos seus méritos.

A Palavra é “Renúncia”

Certeza de Salvação, este é o fim de uma conversa que começou falando sobre céu e inferno. Renúncia é a maneira de encerrar esta conversa. Queria

sua atenção para este último momento de nossa palavra.

A grande diferença, aos olhos de Deus, entre uma pessoa e outra, entre o justo e o injusto, entre o salvo e o perdido, entre o “joio e o trigo”, é a existência de fé salvadora na vida de uma ou outra pessoa. Não importa o que ela fez ou não, a religião dela, os amigos, o que fez para Deus... a única coisa que interessa é saber se ela tem esta “fé”, ou se tem outro tipo de “fé”.

Já vimos que “fé”, a fé que interessa, a salvadora é a certeza de salvação. A fé é e produz esta certeza. Então é isto que faz a imensa diferença. Deus olha do céu, e vê um grande número pequeno de pessoas alcançadas pela salvação, gente que irá habitar a eternidade no céu. Ele sabe que valeu a pena Jesus ter vindo e assumido nossa situação na cruz. Vale a pena continuar intercedendo “juridicamente” por nós.

Por outro lado, o Senhor olha do céu e vê uma imensa multidão sem esta convicção espiritual, sem esta fé salvadora, portanto sem esta certeza de salvação no “âmago da alma” pelo fato de nunca terem atravessado a porta estreita do arrependimento. Sabe por que não fizeram isto, ainda? Ou por que nunca farão isto? Porque não estão dispostas a abrir mão do que o mundo tem oferecido a elas, não estão dispostas a renunciar a vida que levam, o caminhar com a multidão.

É como um caso que ouvi algum tempo atrás: uma mulher chegou na sala de sua casa e encontrou seu filho chorando, lutando contra um vaso bonito, caro, que tinha enfeitando a casa. Pela garganta e boca estreita daquela relíquia de grande valor, a criança colocara o braço e não conseguia tirar de volta. Imediatamente ela foi ajudá-lo. A princípio usou de tudo para proteger os dois e nada adiantava. Usaram jeitos e trejeitos, areia fina, sabão e óleo, tudo em vão. Não viu outra solução, se não quebrar o vaso, e diante do choro e angústia do filho, foi o que fez, sem hesitar. Foi quando percebeu o que aconteceu. O Filho jogou uma bola de gude dentro do enfeite, e enfiou a mão para tirá-la. Segurando o pequeno brinquedo, a mão não passava pela parte estreita da garganta do vaso, e como a criança não abria mão do brinquedo, foi preciso quebrar o objeto caríssimo.

É assim com a grande multidão. Por não querer abrir mão de algum brinquedo insignificante, sem importância nenhuma, prefere arriscar quebrar o vaso, a própria vida, a renunciar tudo aquilo. Bilhões e bilhões de pessoas estão caminhando com a multidão, para o inferno, simplesmente por não abrirem mão de bolas de gudes sem nenhum valor eterno.

Você pode ser uma destas pessoas. Seja sincero consigo mesmo. Sua bola de gude pode ser a família, os amigos, a religião, sua posição social, seus próprios preconceitos, ou qualquer outra coisa sem importância espiritual e eterna. Coloque tudo isto diante de Deus, agora. Peça a ele que lhe ajude a jogar fora, abrir mão destas gudes, para você experimentar tudo que conversamos aqui.

Saia desta grande multidão cega e insensível. Volte-se para a porta estreita do arrependimento. O resto, fique tranqüilo, Deus fará em você — Salmo 37:5.