ORIGEM¹
Credo atribuído a Atanásio, bispo de Alexandria no século IV, mas que provavelmente tem sua origem no século V
O Credo de Atanásio, subscrito pelos três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio, Bispo de Alexandria (século IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data posterior (século V). Sua forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI.
O Credo de Atanásio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado "um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo."²
TEXTO³
- Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
- A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
- Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
- Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
- Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
- Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
- O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
- O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
- O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
- O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
- Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
- Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
- Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
- Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
- Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
- Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
- Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
- Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
- Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
- O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
- O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
- O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
- Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
- E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
- Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
- Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
- Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
- É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
- Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
- Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
- Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
- O qual, embora seja Deus e homem, não é dois, mas um só Cristo.
- Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
- Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
- Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
- O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
- Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
- Em cuja vinda, todos os homens ressuscitarão com seus corpos, e prestarão conta de suas obras.
- E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
- Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.
1 Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 180-82.
2 A. A. Hodge, The Confession of Faith (Edinburgh & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1992), 7.
3 Traduzido a partir do inglês de A. A. Hodge, Outlines of Theology (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 117-118.