Capítulo 3

3. Como Pessoas vão para o Céu?

Eis aí, outra grande pergunta que sempre me é feita. Algumas pessoas indagam isto, simplesmente porque é uma questão existencial, uma necessidade de conhecer melhor sobre o assunto; porém a maioria faz esta pergunta, depois que passo muito tempo falando o que já falei até aqui. Bem semelhante à pergunta que os discípulos fizeram a Jesus, depois que mencionou o quanto é difícil um “rico” chegar ao céu – Lucas 18:25-26.

É uma pergunta lógica. Veja só... se somos totalmente indignos, não há ninguém que jamais venha merecer a salvação; se somos pecadores, se somos todos iguais.... como poderá alguém ir para o céu e outros não irem? O que vamos dizer para a frente, requer muita atenção para um ótimo entendimento...

Antes da Fundação do Mundo

Um texto na Bíblia nos mostra uma riqueza maravilhosa que não podemos esquecer em momento algum... Efésios 1:4-14: “Deus nos elegeu em Jesus, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; para sermos filhos de adoção para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Seu Filho, em quem fomos redimidos de nossos delitos; fazendo-nos conhecer o mistério da Sua vontade; no qual também fomos feitos herança, selados com o Espírito Santo da promessa, penhor da nossa salvação.”

“Nos elegeu antes da fundação do mundo”. Esta escolha de Deus atendeu a um critério: primeiro nos conheceu, como seríamos, o que faríamos, antes mesmo que Adão fosse criado – Romanos 8:29. De uma só e perfeita vez, colocou o nome dos salvos no “Livro da Vida” – Apocalipse 21:27. Nestes termos, entendemos a “Predestinação”. Pessoalmente, creio, sem merecimento algum, meu nome foi escrito neste livro, e nada e ninguém será capaz de ser motivo para que este nome seja tirado de lá. Isto, graças ao Senhor Deus – Romanos 8:38-39.

O que Deus viu na vida destas pessoas privilegiadas, para que colocasse o nome de cada uma, neste livro? Só uma coisa.... elas obedeceriam ao “Evangelho” – não igreja, não Pastor ou Padre, não nada ou ninguém, mas somente obedeceriam ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Este Evangelho é formado por atos divinos e atos do homem interessado em obedecer. Estes atos divinos foram planejados antes da fundação do mundo, e quando Adão e Eva foram criados, já estava tudo planejado. Foi isto que Deus disse à serpente em Gêneses 3:15 – “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça e tu lhe feriras o calcanhar. “Jesus era a descendência da mulher que haveria de ferir a cabeça da serpente, do diabo e suas obras – 1João 3:8.

Antes e Jesus Vir ao Mundo

Nos milênios que se seguiram à criação do mundo, Deus esteve pondo em prática o seu plano redentor, chamado “Graça” em toda Bíblia, para salvar o maior número possível de pessoas. Este plano tem dois momentos já previstos pelo Senhor desde o princípio. O primeiro momento é a visão divina, de que realmente o homem era totalmente indigno de chegar ao céu eterno, que perdurará por todo o tempo que existir sobre a face da terra – Gêneses 5:5.

O segundo momento deste plano, é a execução de Seus atos, para atender as exigências de Sua Santidade, Sua Justiça, e Seu Amor em relação aos que haveriam de se salvar. Estes atos podem ser resumidos a três faces: Israel, a Cruz e a dispensação do Espírito Santo. Para Deus, mil anos são como um tempo rápido (Salmo 90:4, 2Pedro 3:8), e foi desta forma que tudo se concretizou. Assim, desde que o primeiro homem procurou refúgio neste Plano de Salvação, ele já estava pronto, mesmo Adão, já que antes da cruz, o homem já era salvo pela fé – Hebreus 11 nos dá muitos exemplos a este respeito.

Israel, é o tempo que o Senhor esteve preparando um berço para a vinda de Jesus. Como um Pai responsável, sabendo que seu filho está a nascer, todos os móveis, todas as roupas, todas as fraldas, tudo necessário para bem receber a criança é providenciado com capricho, mesmo que receba resistências e Desânimos de vários tipos. Assim Deus esteve preparando tudo para a vinda de Cristo ao mundo, para executar o segundo momento do seu plano. Um povo foi formado, uma religião primitiva foi formada, revelações progressivas foram se sucedendo, tipos, alertas e tudo mais necessários foram sendo executando no desenrolar das vidas e pregações do profetas, reis e outros homens usados por Deus. Muitos acreditam que este povo ainda serve aos propósitos divinos para a humanidade, porém eu me junto a outros que entendem que depois que filho nasce, não se precisa guardar berço e roupas usadas. O povo de Israel, para chegar ao céu, deveria, e devem, assumir seu papel de ser humano e se submeter aos princípios exigidos pelo Evangelho. De Israel, nasce Jesus Cristo.

Cruz, é o segundo momento deste plano do Senhor. Na cruz, Jesus assume e paga todas as nossas dívidas – 1João 2:2, tornando-se nosso Salvador, Senhor e principalmente, o nosso Advogado perante Deus – 1João 2:1. sem cruz, o restante do plano não adiantaria em nada. Deus estava fazendo sua grande parte na salvação do maior número possível de pessoas. Ele, Deus, deixou o ser Deus, tornou-se homem, servo, submisso, assumiu nossa situação, pagando caro pelas vidas de todos aqueles que eram seus, e que se haviam perdido – Filipenses 2:6-8, 1Coríntiods 6:20.

Esta situação é semelhante a um caso que me contaram. Disseram-me que um homem marceneiro, no aniversário do filho, deu-lhe um barco muito bonito, feito por suas próprias mãos. O filho num dia de chuva, muita chuva, estava brincando, e a enxurrada carregou o barco para longe, e o menino chorou muito. Um dia, passando pelo comércio da cidade, o garoto viu o barco numa vitrine, e certificou-se que era seu, observando bem de perto. Procurou o dono da loja e reclamou seu direto sobre o barco, mas não recebeu atenção. O pai foi à loja e da mesma forma não recebeu atendimento, apenas o preço, para resgatar o brinquedo, o qual pagou para devolver ao filho triste. Este, abraçou o barco, e chorando de alegria disse: agora você é duas vezes meu, porque meu pai te fez, e por que ele te comprou de volta. Numa enxurrada de pecados, Deus nos perdeu; mas na cruz, recuperou uma boa parte de todo prejuízo.

Apesar de ter acontecido depois da vinda de Jesus, podemos afirmar que o terceiro momento deste plano de Deus, foi a descida do Espírito Santo, inaugurando a sua dispensação entre os homens. Nos planos de Deus, Ele opera na vida daqueles que não tem compromisso de vida com Jesus Cristo, tentando convence-los do perigo que correm – João16:8; e atua na vida daqueles que assumem nova vida com este Plano de Deus. No momento de Israel, Deus avisou da vinda do Espírito Santo em Joel 2:28, e cumpriu em quatro momentos, segundo a palavra de Jesus Cristo – Atos 1:18. Este momento, no plano de Deus, se notabiliza pela ação incessante e perfeita do Seu Espírito na vida da Igreja, e em particular na vida dos discípulos em todos os tempos – Romanos 8:14, 1João2:20, 27. Em outras palavras, o papel dEle é fazer com que nós, que somos nada, totalmente imerecedores da Graça do Senhor, e totalmente incapazes de agradar a Deus, sejamos novas criaturas, aptos a viver de forma que traga alegrias ao Todo Poderoso, e ainda mais, sejamos incapazes de permanecer no pecado. É Ele que faz com que seja verdade a palavra bíblica de que “Deus é quem opera em nós, tanto o querer como o efetuar” – Filipenses 2:13; ou que faz ser verdade mencionada em outros versículos como Hebreus 13:20-22 e outros.

No Antigo Testamento, em Gênesis 24, há um “tipo” surpreendente da ação das três Pessoas Divinas, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Abraão (o Pai) manda seu servo principal (o Espírito Santo), a Padã Arã (o mundo), buscar uma esposa (a igreja) para casar-se com seu filho (o Filho). O papel deste servo era encontrar a noiva, e trazê-la, e por certo, como ilustra direta e indiretamente o texto, embeleza-la e prepará-la para o encontro com o filho. Isto ele fez muito bem. Diz a Bíblia que quando ela o viu de longe, desceu do animal e correu ao encontro dele. Muito parecido com o mencionado em Apocalipse 21:2, o casamento eterno de Cristo com sua Igreja amada.

Depois de Jesus Vir ao Mundo

Antes da fundação do mundo, Deus anteviu tudo, e planejou a Graça, a maneira de salvar o maior número possível de pessoas. Antes da vinda de Jesus, Ele passou a executar o Seu plano Salvador, e agora a partir de Jesus, expõe este plano ao mundo inteiro. Ele está plenamente explicado em João 3:16, versículo que é entendido por todos, como o resumo máximo de toda a Bíblia, a expressão mais bem elaborada do amor e do plano amoroso de Deus para com todos os homens, sem exceção. O versículo, em outra palavras, diz: “Deus Todo Poderoso , ama o mundo de tal maneira que desde a fundação do mundo, se deu em forma de Seu Filho Unigênito, na cruz, para que toda aquela pessoa que exercer fé nEle, não seja condenada ao inferno, mas adquira, por esta fé, a vida eterna no céu, na presença santa do Senhor.”

O processo é o seguinte: Deus age até que o homem aja favoravelmente, e quando isto acontece, Deus passa a agir mais diretamente no homem. O fundamento para tudo isto, não esqueçamos, é o que Deus fez, no que mencionamos, “antes de Jesus vir ao mundo”.

“Deus age até que o homem aja favoravelmente”. É o que Jesus afirma em Apocalipse 3:20 – “Estou à porta do coração e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a sua porta, entrarei em sua vida, e com ele cearei, e ele comigo, eternamente.” Ou seja, esta primeira ação de Deus é aquela do Espírito Santo, “convencer o homem de sua situação calamitosa contra Deus, e o perigo que corre, de ir para o inferno eterno” – João 16:8. Como Advogado, o papel de Jesus, que é o próprio Deus, é sempre oferecer-se. Ele não pode fazer mais do que isto, o “Livre Arbítrio”, dado por Deus, aos homens, não permite nada além disto. Como qualquer Advogado, na legislação humana, Ele só pode exercer nossa representação jurídico-espiritual, depois que o constituamos por Procuração escrita ou verbal, como nosso representante legal. É isto que garante em Mateus 10:32-33 – “quem me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante do meu Pai; mas quem não me confessar publicamente, eu não poderei confessá-lo diante do Senhor Juiz, meu Pai.” Se um homem viver mil anos, e não tomar esta decisão fundamental, durante todo oeste tempo, este Santo Advogado, este amoroso e misericordioso Advogado, permanecerá à porta se oferecendo como representante diante de Deus. Nunca vai obrigar alguém a ter seus serviços espirituais. Nunca.

A única ação considerada favorável, que o homem poderá exercer na presença do Senhor é o “Arrependimento” para a vida – 2Coríntios 7:10, a partir de versículos como Atos 5:31, 11:18, Romanos 2:4, 2Timóteio 2:25, muitos bons estudiosos da Bíblia, afirmam que nem o arrependimento é uma ação do homem, e sim de Deus que faz acontecer no homem. Pode ser. Realmente somos incapazes, de, por nós mesmos, praticar um ato tão digno e agradável ao Senhor. Se for assim, podemos entender que a ação do homem, em relação à primeira ação divina, é a de um mínimo de atitude favorável a Deus, a ponto dEle entender, e então operar este arrependimento neste interessado. Mesmo este mínimo que o homem possa fazer, chamaremos, sem problemas, “arrependimento”.

Lembro-me de um senhor me contando sua experiência, quando num acidente, pela gravidade do ocorrido, e pela reação do seu organismo, foi tomado como morto, levado para o necrotério do hospital... Estava em coma. Ele disse que ouvia tudo que passava ao seu redor. Estava desesperado ao ver todos concordando sobre sua morte. Num determinado momento, quando duas moças estavam próximas, ele ansioso e lutando com todas as suas forças par manifestar sua angústia a elas, um ligeiro filete de lágrima correu do seus olhos, e elas viram. Imediatamente foi levado para um tratamento mais intensivo, e sobreviveu. Acredito que, se não somos capazes de nos arrepender, pelos menos somos capazes de manifestar, por um ligeiro filete de lágrima, o nosso desejo de passar por esta porta milagrosa, a porta do arrependimento. Provavelmente é isto que Pedro orientou para aquelas pessoas ansiosas por demonstrar este ato favorável a ação primária de Deus para com todos - Atos 2:38.

O Segundo ato de Deus, diante desta resposta favorável, da parte do homem interessado em salvar-se pela Graça, necessariamente são dois: Ele nos dá a fé, e Ele nos dá o Espírito Santo. Estas duas maneiras maravilhosas de Deus agir em nós, conversaremos mais adiante.

As Boas Novas

Já vimos que quando Deus, antes mesmo de criar qualquer coisa, percebeu o que queria criar, e as conseqüências de dar “livre arbítrio” à sua criação, logo planejou a salvação do maior número possível, nesta circunstância. Antes do primeiro dia da criação, um plano já estava todo pronto, a Graça. Este plano estabelecia um parâmetro para conduzir muita gente da perdição paro o céu: “o Evangelho”, que no original grego, idioma em que foi escrito o Novo Testamento , significa “Boas Novas”.

A Graça estabelece o seguinte: Quem obedecer ao “Evangelho”, será salvo eternamente. Isto quer dizer: Quem obedecer as determinações do “Evangelho”, será alcançado por todas as conseqüências da maneira divina de tirar o homem do caminho do inferno, e conduzi-lo, pela mão, ao caminho do céu.

“Boas Novas” é justamente isto, boas notícias, a proclamação deste plano fácil traçado por Deus para salvar todo homem que por ele se mirar. “Boas Novas” é a divulgação da mensagem mais necessária que uma pessoa precisa ouvir sob a face da terra. É a “palavra magica” que mostra como alguém pode mudar toda a sua eternidade.

Mateus 4:17, Marcos 3:14, Lucas 3:3 e outros textos, nos dão a entender que nisto consistia o Ministério do Senhor Jesus, no tempo que passou neste mundo: pregar as “boas novas”. Sua responsabilidade era ser e pregar, ao mesmo tempo, estas boas notícias. Fazer todos conhecerem a providência de Deus, diante da perdição exagerada da humanidade.

Marcos 1:15 – “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. Como os outros textos, só que de forma bem mais clara, revela, segundo a palavra do Senhor, o conteúdo, a urgência e o aspecto destas “boas novas”. São fatores que valem a pena, neste momento de nossa conversa.

O Conteúdo. Jesus diz que o critério divino a ser obedecido por cada homem interessado em chegar ao céu, são dois: Arrependimento e fé. Dois passos fundamentais e únicos que conversaremos mais a frente, em capítulos próprios.

A Urgência. Jesus diz que “o tempo está cumprido”. Ele afirma aí que, no plano do Senhor Deus, aquele era o grande momento para acontecer o Ministério e o Sacrifício do Filho de Deus. Mas também ele afirma que tal pregação deveria ser aceita o mais rápido possível, não havia muito tempo a se perder. Quem demora de tomar tal decisão, já está desobedecendo a esta urgência natural ao Evangelho. É claro que até no último momento da vida, pode-se render-se ao conteúdo das “boas novas” mas a urgência exigia que isto aconteça o mais rápido que for possível.

O Aspecto destas boas novas, também é mencionado por Cristo. Ele diz: “o reino de Deus está próximo”. A Graça é “boas notícias”, por dois motivos: (1)Deus veio, pessoalmente, assumir a nossa condenação eterna; Ele veio, pessoalmente, cumprir as determinações de Sua Justiça, de Sua Santidade e do Seu Amor; (2)Deus fez tudo para que a Graça ficasse o mais fácil possível a ser alcançada pelos interessados; só não chega a ela, quem não quer mesmo; tudo ficou tão fácil, que a única coisa que ficou para o homem fazer, ou querer fazer, foi o mais simples, pois o resto o Senhor Deus faz acontecer no salvo e em função dele.

“Prefiro ir para o Inferno”

Nós iremos conversar sobre o conteúdo da Graça, porém antes, acho proveitoso lembrar dois depoimentos que nunca vou esquecer. Quando sabemos da facilidade com que o Senhor capacitou a Graça, estes depoimentos se tornam mais alarmantes, e grandemente ofensivos a Deus e aos seus interesses em relação a todo o mundo.

Conversando com um amigo a respeito do inferno, a idéia forte que a Bíblia tenta nos dar sobre esta eternidade, mencionei a ele a necessidade de renúncia, do abrir mão de tudo aquilo que seja ofensivo ao Senhor, o querer deixar de pecar, pelo arrependimento, ao que me respondeu com uma pergunta: Pastor, o senhor acha que somente eu vou para o inferno? Respondi “não”, a Bíblia diz que os condenados são como a “areia do mar”. Imediatamente, como esperando a minha resposta, que ele já sabia, me disse: então está bom demais; que o inferno só seria ruim, se ele fosse sozinho para lá. Que pena alguém pensar assim.

Um outro depois de me ouvir falar sobre o interno e sobre o céu, e de que precisamos deixar as atrações do mundo, para então desfrutar do céu eterno, como disse Jesus ao dizer: “Quem oferecer a sua via ao mundo, perdê-la-á; e quem afastar a sua vida deste mundo, por amor de mim, achá-la-á” (Mateus 10:39), me disse com muita ousadia na voz, como que desafiando ao Senhor Deus: Se para ir ao céu, eu preciso mudar de vida, então prefiro ir para o inferno... Com muito prazer.”