O que se tem dito sobre a existência do céu. Podemos resumir tudo que se tem dito do céu, da seguinte forma: 1)não existe, tudo termina na morte, o que foi céu foi céu, o que não foi, não foi, neste mundo; 2)vai ser um tempo eterno que os salvos habitarão aqui na terra ou em outro planeta qualquer, onde haverá fartura de felicidade, onde o governo central do mundo, exercido por Jesus, ou o próprio Deus, ou mesmo um grupo de pessoas que demonstraram capacidade para isto quando de suas vidas existenciais no mundo, não deixará que ocorra o mínimo de motivação que venha destruir a felicidade plena de todas as pessoas, no seu sentido individual ou coletivo, 3)será um estado espiritual, independente de tempo e espaço, onde a plena comunhão com Deus dará sentido a uma eternidade cheia de todos os motivos para uma felicidade completa e verdadeira.
O que se tem dito sobre a existência do inferno. Podemos enumerar, talvez didaticamente, da seguinte forma: 1)há quem creia que o inferno não exista de forma alguma, foi uma criação humana para chantagear as mentes; 2)há quem acredite que inferno é a destruição, o aniquilamento total de todas as pessoas condenadas a estarem longe de Deus; 3)há quem acredite que inferno é aqui no mundo mesmo, são todas as pessoas que sofrem provisória ou permanentemente, de alguma forma na sua existência neste mundo; 4)há quem acredite que é um lugar de sofrimento, agruras e todo tipo de desgraça, muitas vezes pior que aquilo que podemos vislumbrar neste mundo; 5)há quem acredite que seja um estado espiritual de tristeza, tormento, depressão em último grau vivido por uma pessoa, em toda sua eternidade.
É claro que tudo é especulativo, até hoje só temos três tipos de afirmativas sobre o assunto: Jesus, o todo da Bíblia , e alguma coisa escrita no interior mais subconsciente de todos nós.
Fora da Bíblia, ninguém, de plena confiança, nunca foi lá e voltou para nos dizer sobre o assunto. Na Bíblia, dos que voltaram, somente Jesus podermos dizer, pelo que entendemos na Palavra de Deus. Pessoas como Lázaro, e outros ressuscitados, podemos definir duas hipóteses: ou ficaram no túmulo, como muitos acreditam que todos nós ficaremos aguardando a ressurreição na volta de Jesus, ou Deus providenciou que, no seu tempo, aguardassem o que haveria de acontecer – o ressuscitamento.
Tenho afirmado que seria muito bom se todos nós, salvos ou não, passássemos uns 10 minutos no inferno. Os salvos voltariam mais gratos a Deus pela salvação; e os não salvos voltariam dispostos a abandonar tudo que os impede a esta vida eterna no céu. Isto tudo quer dizer que não temos nada que nos comprove, cientificamente, ou mesmo que possamos apalpar para garantir a existência do céu ou do inferno, principalmente nos moldes que nos são pintados.
Eu disse, outro dia, que seria semelhante a uma estrada, de noite, pela floresta, que nunca passamos por ela, ou que nunca conhecemos alguém que tenha vindo dela, e que um morador, no início do caminho, nos avisasse da existência de onças e outros animais selvagens e perigosos. A prudência diz que devemos entrar armados, de um jeito ou outro. Da mesma sorte, quando estamos indo por uma auto-estrada, e que de lá para cá alguns carros viessem de faróis acessos, ou mesmo piscando como que nos dando algum alerta. Olhamos para frente, uma reta longa e não vemos nada de perigoso. Um motorista prudente não vai continuar na grande velocidade que estava, a sabedoria inspira a diminuir a marcha e de maneira cautelosa avançar.
Assim é que não temos muita coisa concreta para garantir a existência do inferno ou do céu, mas temos alguns faróis que nos acenam perigo. Talvez a maioria deles não nos diga nada, mas alguns fazem questão de piscar em nossa direção. É isto que a Bíblia faz, quando fala muito mais do inferno, que do céu. Podemos, e temos o direito de insistir a ignorar tais alertas, mas é claro que isto não é prudente.
Há alguns anos, estive conversando com um ateu, um intelectual jurista. Falei que ele tinha muita razão, e até uma total razão em não dar muito crédito nesta idéia de céu e inferno, mas que não estava fazendo jus ao reconhecimento que lhe davam, como homem prudente, advogado inteligente preparado para defesas surpreendentes. Na sua profissão, a experiência dizia que deveria estar preparado para qualquer iniciativa contrária, qualquer idéia, por mais remota que fosse, viesse a ser celebrada no desenrolar de sua defesa. Por mais que não seja importante a idéia da existência do céu ou do inferno, deve ser considerada, e tudo necessário deve estar engatilhado para a possível concretização, pois uma pessoa sábia não poderia ser apanhada de surpresa. Então falei mais: se realmente não existir nem uma coisa nem outra, terei o mesmo fim que você, não perderei nada; mas se existir o céu e o inferno, aí você não irá para o lugar que vou, sairá perdendo, pois com sua loucura, não se preparou para uma provável existência destas eternidades.
Da mesma forma, foi minha conversa com um espírita, alguém simpático que encontrei, e que defendia a reencarnação como meio divino de as pessoas passarem a eternidade fazendo seus céus e infernos. Eu disse a ela que havia uma grande possibilidade dela estar certa, isto era inegável. Mas tola seria, se continuasse imaginando que seria assim, e não se preparasse para situação diferente. Por exemplo, eu dizia, se for como você pensa, eu não perderei nada, pois como religioso, dentro de sua doutrina, eu reencarnarei em estado de céu, pois as boas obras que realizo me conduzirão a isto; no entanto se for do jeito que acredito, você estará perdida, passará toda eternidade no inferno, por causa de teimosia em não se preparar para uma situação diferente.
Um senhor me disse que conversando com um Testemunha de Jeová, afirmou que um dia seria daquela mesma seita, mas só faria no último dia, como afirma a doutrina do Corpo Governante das Testemunha de Jeová, se por acaso percebesse que sua religião atual, era realmente falsa; mas por enquanto preferiria continuar crendo como cria, pois assim estaria preparado para a situação mais drástica, a de não haver nova chance no último dia.
Veja que não temos como garantia a existência real, eterna, do inferno, mas temos plena consciência quando chamamos a atenção de todos, para o fato de que devemos estar preparados par o pior... por mais fraca, ignorante e remota que seja a idéia de céu e inferno, devemos estar preparados para ela.
A Bíblia encerra muitos momentos tratando do tema, mas poderíamos nos prender a alguns versículos que acredito, vão nos dar uma grande ajuda sobre o assunto. É claro que aqueles que pensam diferente poderão citar outros versículos. Mas voltamos a afirmar que é muito mais prudente se preparar para o pior, que ficar teimando no amenizar destas duas eternidades.
Lucas 23:43: “Respondeu Jesus ao criminoso, arrependido, crucificado ao seu lado: Em verdade te digo que hoje mesmo, estarás comigo no paraíso.” Neste versículo Jesus afirma, pelo menos, três cousas que nos são importantes: (1)após a morte segue-se o juízo, pois a pessoa já morre julgada, vai logo para o céu ou o inferno – Hebreus 9:27, João 3:18; (2)paraíso, céu, ou qualquer outro nome é o lugar que Deus tem preparado para todos os salvos, é o lugar onde Jesus estiver; (3)depois da morte, há vida, e principalmente há também, céu, Jesus Cristo conhecia tudo sobre o depois da morte, e prometia a um homem estar com ele depois daqueles momentos finais de sua existência neste mundo.
Mateus 25:34: “Então dirá o Rei aos salvos: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Neste texto vamos tirar mais outras três cousas consideradas importantes para esta nossa conversa, a esta altura: (1)Jesus não diz que haverá um julgamento, pois em João 3:18, afirma que já se morre julgado, condenado ou não; (2)Ele não fala de um céu que será preparado para os salvos habitarem, mas de um que já está preparado desde, talvez, antes da fundação do mundo; (3)mesma conclusão do versículo passado... depois da morte, há vida, e principalmente há também, céu; Jesus Cristo conhecia tudo sobre o depois da morte, e prometia aos homens estar com eles depois dos momentos finais de suas existências neste mundo.
Mateus 25:41, 46: “Então dirá também aos condenados: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos: E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.” Do mesmo jeito, podemos tomar algumas conclusões preciosas à nossa conversa de momento: (1)esta palavra será dita àqueles que já morreram condenados ao inferno; (2)inferno é apresentado por Jesus de duas maneiras: “fogo eterno”, “tormento eterno”.
“Fogo Eterno”, “fogo que nunca se acaba”, no original grego, tem sentido de uma ilustração muito apropriada aos ouvintes. Tem a idéia de destruição, não do indivíduo em si, mas de toda esperança, de todo bom sentimento, de todo vestígio de prazer e felicidade. Depois da morte, não haverá carne para se queimar, não teremos ou não seremos matéria para ser queimada em fogo, mas este fogo espiritual conseguirá destruir toda mínima alegria que podíamos sentir pela proximidade do Senhor.
“Tomento Eterno”, “tormento que nunca se acaba”, no original grego trás um sentido mais completo de inferno. A idéia hebraica é de algo pior que “depressão em último grau”. Desânimo, somado a stress, complementado por auto-destruição, onde a última solução imaginada, o suicídio, nunca será possível, por mais que se tente. Enquanto “fogo” se concretiza numa metáfora de terror; “tormento” se insinua no campo puramente espiritual, de muito mais terror.
Além de tudo que já vimos como idéia de inferno, nas palavras de Jesus, e dos demais escritores da Bíblia, podemos ter mais idéias sobre o assunto, a partir de 2Tessalonicênses 1:7-9, a partir de duas figuras: 1)banidos da face do Senhor; 2)banidos da glória do Senhor.
Inferno é o contrário de céu. Enquanto este é a plena comunhão do homem com Jesus, não importa onde, nem quando; onde a presença permanente e sensível do Senhor será “física”, no sentido espiritual; inferno é, por sua vez, o contrário, é a ausência plena da comunhão do homem com o Senhor. Inferno é a inexistência do mínimo contato do ser com seu Criador. Todo o amor, toda proteção, tudo que Deus oferece ao homem, por mais distante que este esteja de Sua vontade, no inferno deixará de acontecer.
Mas não é somente a ausência máxima de qualquer comunhão com o Senhor, é também a ausência total, completa, de tudo que possa lembrar a existência de Deus, é algo que jamais poderemos imaginar, enquanto neste mundo. Tudo dentro de si, de outras pessoas, ou de tudo ao redor, que pudesse lembrar a existência de um Ser Supremo, será tirado da presença do homem condenado. Isto é o inferno.
Nos primeiros meses de Seminário, por volta de 1979, deitado em beliche, por algum motivo, tive insônia. Tentando ser disciplinado, não me desesperar, passei a seguir algumas orientações minhas para aquele momento. Fiquei de olhos fechados, e imaginei, para aproveitar o tempo que passaria ali, no escuro, acordado, deveria pensar sobre os mais variados e importantes assuntos naqueles momentos de minha vida. Até estava tendo algum êxito, quando o colega da parte de baixo do beliche passou a ressonar, até mesmo roncar. Aí toda minha disciplina foi por água abaixo. Passei a sofrer com minha insônia a ponto de orar muito, perguntando a Deus porque estava deixando aquilo acontece comigo. Foi tão “chata” a situação, que fiquei imaginando que o inferno tinha muito a ver com aquilo. Passei a dizer que o pior do inferno não era o “lugar” ou a situação, pois o homem tem a capacidade de se adaptar a tudo, por pior que seja, é só dá-lhe algum tempo para isto. O pior do inferno era saber algumas coisas: (1)enquanto você está ali, há outros desfrutando do melhor, no céu – como o pior do pobre não é ser pobre, mas saber que existem ricos vivendo do bom e do melhor; (2)que você teve a chance de estar no céu, e por algum motivo, muitas vezes sem nenhuma importância, desperdiçou-a; (3)e o pior ainda, que enquanto você desperdiçou, outros aproveitaram, investiram alto – como a cigarra e a formiga no outono se preparando ou não, para o inverno.
Uma vez, ouvi um pregador dizendo que numa conversa com uma moça, sobre este assunto, percebendo a insistência dela em não se preocupar com o tema, fez-lhe algumas perguntas, tais como: (1)você fuma?, ela disse: sim. – Então fume muito, triplique as carteiras por dia, pois no inferno não haverá cigarros ou coisas semelhantes, você vai viver só de lembranças... (2)você bebe? ... (3)você dança?... (4)você faz muitas coisa que lhe dão prazer e desagradam a Deus? ...
Depois de ouvir aquele pregador, passei a defender a existência do Carnaval, das festa, e de tudo mais que tem sido feito por aí, para manter a moçada alegre e feliz, mesmo que contrário ao agrado de Deus. Estas pessoas envolvidas nestas coisas, de qualquer forma vão para o inferno, pois com festas ou sem elas, vão continuar a rejeitar a vida nova com o Senhor, e como não terão nada disto lá no inferno eterno, não podemos negar a chance delas de viverem, pelo menos da lembrança do que faziam aqui no mundo, quando vivos.